O olhar daquela menina me matava lentamente.
Sempre com suas cores confusas e predestinadas, ela dançava ao andar, deixando
seu arredor com um tom cinza tempestade. Roupas de humanas, chapéu na mão, seus lábios desenhados a guache por Deus
era uma obra prima com um primor peculiar. Ejetava palavras graciosas,
cortantes como uma espada que perfura um abdômen e dele faz jorrar o quente
líquido da vida, vivo que só ele. Sua voz suave como um sorvete cremoso de
morango soava clichê, comparada às vozes dos mesmos anjos que cantam
eternamente e encantam os céus.
O olhar daquela menina me matava lentamente.
Era uma tortura arquiteta e cautelosamente pensada para te torturar. Seus olhos
tristes refletiam uma angústia exteriormente pessoal apesar de suas feições ligeiramente
pálidas imprimirem faces de prazeres mútuos, de felicidades plenas; eram mentiras
aderidas a sua realidade. Era
pressionada, controlada, ela torturava com seu sofrer.
Marcada interiormente com as marcas e restos cuspidos de palavras
desmotivadoras e reacionárias, como um animal que recebe o ferro pelando em sua pele e
calado. Seus olhos eram militantes. Lutava pela libertação de toda a alma da menina.
Ela vivia um diário sessenta e quatro. Seu olhar mostrava isso.
O olhar daquela menina me matava lentamente.
De felicidade eu morria porque estava esperançoso com ela, como uma mãe que deseja
ver seu filho que ainda nem nasceu e descansa em seu útero. Tinha alma jovem, e
corpo que tendia para o livre. Ideais de quem quer a vida e sua liberdade acima
de tudo. Era como um pássaro que, mesmo nos grilhões há anos, ainda mantinha a
fé que viveria para transpassar a pequena porta de sua cela e bater suas asas
rumo a qualquer lugar. Era diferente de sua mãe, mesmo assim grata pelo que
fizeste. Pensava solto, almejava grande. Essa menina ainda tinha muito que
andar. Vai longe!
Mesmo me matando dolorosamente, o olhar
daquela menina também me revivia.
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