Já faz um tempo que eu me tornei você. Que as minhas palavras são apenas meras descrições de como você é, de como você se sente sobre a novela das oito ou de como você fica fofo com seus cabelos enrolados grandes e sua barba que me chamou atenção no primeira dia em que nos falamos. Já faz um tempo que eu sou você. Eu por inteiro e você pela metade. E depois daquela quinta-feira, quando você se fez livre de uma de suas amarras, a mais pesada e cruel, e pensei que se amarraria a mim e te ajudei, como um bom amigo, a curar seus cortes feitos por ela, você se tornou um pesadelo para mim. Ancorou seu navio em outro porto, trocou meu cais para se aventurar em águas estranhas. Parou em um lugar lindo, que lhe chamou a atenção. Me deixou, literalmente, a ver navios. Faz tanto tempo que eu sou você, que eu me perdi na imensidão que é você. Quem eu sou? Faz tanto tempo, mas tão pouco ao mesmo tempo. Quem eu sou? Bem, se eu já não sei, já está mais do que na hora de descobrir. Porque você é você, e eu já estou cansado de ser você também.
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